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Enfim, é a moda…

Em 2002, eu e os meus queridos José Vidal e João Bonzinho calcorreámos toda a Coreia do Sul, do Paralelo 38 a Busan enquanto cobríamos o Campeonato do Mundo do nosso tão grande descontentamento. Uma das primeiras coisas que estranhámos, quando começámos a entender-nos com as linhas de metropolitano de Seul (onde a chegada das composições era anunciada a tom de corneta tocadas por uns homenzinhos de impecáveis luvas brancas), foi o tamanho dos pés dos jovens utentes. Verdadeiramente, pisavam-se uns aos outros tal a envergadura dos sapatos e dos ténis. Alguns, mais baixinhos, pareciam verdadeiros L, com calçado número 46 ou 47. O mistério, de misterioso tinha pouco. Era uma moda. Estúpida como quase todas as modas. A moda de se apresentarem em público com calcantes uns quatro ou cinco números acima, exibindo patas mais dignas de ursos do que de modestos cidadãos.

As modas são assim, vão e vêm, repetem-se de tempos a tempos e, basicamente, não se explicam. Já Oscar Wilde dizia: “A moda é uma variação tão intolerável do horror que tem de ser mudada de seis em seis meses”. Quando éramos garotos, havia um dichote que ia assim: “Se o Super-Homem é tão esperto por que é que usa as cuecas por fora das calças?” Pois também houve essa moda, se bem se recordam: a rapaziada andava por aí, pelas ruas, com as calças por debaixo do rabo e com as cuecas à mostra. Acho que se soubessem que o gesto é tomado, nas cadeias dos Estados Unidos, como demonstração de disponibilidade por parte dos presos homossexuais, os miúdos pensariam duas vezes antes de se apresentarem dessa maneira ridícula. Tal como agora acontece com as raparigas (e senhoras) que decidiram que é bonito enfiar a parte da frente da camisola nas calças, exibindo o pacote pubiano. Enfim, como afirmou um dia Coco Chanel, que sabia uma ou duas coisas sobre moda: “A moda passa. O que permanece é o estilo”.